Milhões de brasileiros ainda presenciam no dia a dia uma realidade desafiadora e precária causada pela ausência do saneamento. Mais de 16 milhões de moradias brasileiras não recebem água na regularidade de abastecimento recomendada pela Organização Mundial da Saúde e pelo Plano Nacional de Saneamento (Plansab). O número de brasileiros que moravam nas habitações sem abastecimento regular de água foi de cerca de 51 milhões de pessoas – conforme aponta o estudo “A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?” realizado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a EX ANTE Consultoria Econômica e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBD).
A precariedade do saneamento tem implicações nas mais diversas esferas da sociedade, impactando em âmbitos sociais, econômicos e ambientais. Além disso, a falta do básico reforça a desigualdade social vivida no país.
Segundo o estudo, que traça o perfil socioeconômico e demográfico da população brasileira que sofre com privações nos serviços de saneamento básico, a frequência relativa da população com abastecimento irregular de água variou pouco entre as diversas faixas etárias, mas foi ligeiramente maior nos grupos etários mais jovens. Em 2022, 30,4% dos 51,197 milhões de pessoas morando em habitações com recebimento irregular de água tratada tinham menos de 20 anos de idade, o que indica que é um problema concentrado na população jovem do país e nas famílias com um número maior de filhos.
A grande maioria da população em estado de abastecimento irregular de água tratada não tinha instrução formal (11,2%) ou não tinha completado o ensino fundamental (41,0%). O peso da população que chegou ao ensino superior, tendo ou não completado esse ciclo, foi relativamente pequeno, de 9,2% do total de pessoas que moram em habitação com abastecimento irregular de água.
Entre os aspectos econômicos da população que sofre com o abastecimento irregular de água, a análise identificou que 72,0% dos habitantes morando em habitações com abastecimento irregular de água tratada estavam abaixo da linha de pobreza em 2022. Ou seja, 41 a cada 100 pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza tinham abastecimento irregular de água.
Além da saúde, o saneamento é essencial na busca por um país mais justo e igualitário. As discrepâncias sociais vividas por milhões de brasileiros e brasileiras são potencializadas pela falta do atendimento pleno de água e coleta e tratamento de esgoto. Alcançar a universalização do saneamento é oferecer qualidade de vida a cada cidadão.