A Volkswagen tenta limpar sua imagem

Vivaldo José Breternitz

A Volkswagen instalou em seus veículos diesel, um software que fraudava os resultados dos testes de emissão de poluentes. Ao serem testados, esses veículos apontavam emissões 40 vezes menores do que as reais.

O software foi instalado em 11 milhões de veículos, a partir de 2009; cerca de 17 mil eram picapes Amarok vendidas no Brasil. Em 2015, autoridades americanas descobriram a fraude, levando governos, entidades e pessoas a moverem ações contra a VW.

Além dos imensos prejuízos financeiros, o impacto sobre a reputação da empresa foi enorme. Como forma de tentar melhorar sua imagem, e obedecendo a um acordo celebrado com a justiça americana, a empresa criou uma subsidiária chamada Electrify America, que tem como objetivos desenvolver campanhas educativas acerca da poluição gerada pela queima de combustíveis fósseis e instalar postos de abastecimento para veículos elétricos.

Nos Estados Unidos, o negócio de postos de abastecimento para elétricos não é muito atraente em função do relativamente baixo número de veículos desse tipo; uma das causas desse baixo número é a pouca quantidade de postos de abastecimento – um verdadeiro círculo vicioso.

Iniciando suas operações em 2018, a Electrify America chega agora a 500 postos de abastecimento, aos quais se somam mais 1.700 instalados nos Estados Unidos por outras empresas; ainda é um número pequeno dadas as dimensões do país; a Alemanha, com uma área cerca de 30 vezes menor que a dos Estados Unidos, tem quase 30 mil postos.

A Electrify America pretende instalar mais 300 postos em 2021, e está pretendendo tornar esses postos mais “verdes”, instalando nos mesmos o que chama de “solar canopies”, coberturas para dar sombra aos veículos que estão sendo abastecidos e que funcionam como painéis solares, captando energia que é armazenada em baterias instaladas nos postos, de forma a diminuir o consumo de eletricidade vinda da rede pública, boa parte da qual, nos Estados Unidos, não vem de fontes limpas.

Os elétricos realmente parecem estar chegando ao Brasil, embora a passos de tartaruga: temos aqui pouquíssimos elétricos, vendidos a preços absurdos e apenas cerca de 140 postos de abastecimento, um número que inviabiliza um crescimento no número desses carros rodando em nosso país.

Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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