Alta demanda por carne impulsiona lucros de frigoríficos no mercado

Para a XP Investimentos, o cenário atual do mercado de carnes revela um panorama promissor, com indícios de que os preços podem escalar ainda mais nas próximas temporadas.

Um relatório recente da instituição sinaliza uma tendência de alta que pode se estender além das previsões iniciais, com o ápice dos valores ainda não atingido. Em agosto de 2023, as exportações de carne bovina experimentaram um crescimento de 17% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, ultrapassando em 5% as projeções da **XP**.

Mesmo não batendo os números de julho, essas exportações se mantêm em patamares históricos, impulsionadas pela oferta consistente de gado e pela calorosa demanda internacional. Em contrapartida, as exportações de frango recuaram 11%, ficando 6% abaixo das expectativas, impactadas pelo surgimento da doença de Newcastle no Rio Grande do Sul em julho.

Apesar disso, os preços continuam em ascensão, impulsionados por um mix de produtos mais valorizados, enquanto a demanda interna segue surpreendendo positivamente. A carne suína também segue essa direção, com um incremento de 6% nas vendas externas em um ano e números que superam em 4% as estimativas da **XP**, com a China e outros mercados mantendo uma demanda robusta.

Quanto ao futuro do setor, a carne bovina segue superando as projeções mais otimistas, com taxas de abate em níveis sem precedentes. Os analistas da XP preveem mais crescimento, fundamentados em três pilares: a duração do ciclo do gado nos EUA até 2026, uma demanda resiliente na China e no Sudeste Asiático, e a contínua disponibilidade de gado.

O ciclo do gado nos EUA está favorecendo a carne bovina, com um consumo migrando para frango e suínos. A Austrália e os países sul-americanos estão aproveitando esse momento para elevar suas exportações, ainda que o Brasil enfrente limitações de cotas. Com relação ao frango, as exportações sentiram o peso dos efeitos da Newcastle, com volumes reduzidos especialmente para a China.

No entanto, os frigoríficos optaram por segurar a venda de cortes específicos para não diminuir os preços, o que resultou em um mix de maior valor agregado. Isso reflete uma estratégia eficaz, dado que os valores no mercado doméstico estão em alta, sustentando a necessidade de ampliar a produção para atender à demanda persistente.

No segmento suíno, os volumes estão batendo recordes, especialmente no Sudeste Asiático e no Chile. Recentemente, houve uma elevação de preços na China, uma tendência que deve persistir, segundo os analistas da XP. Esse aumento de preços é atribuído a uma melhor sazonalidade, à diminuição da produção local de carne bovina e à redução nas importações de frango brasileiro por causa do Newcastle.

Com a China dependendo fortemente da carne suína para combater a inflação, há uma pressão para assegurar um volume maior do produto, visto que o recente aumento no estoque de porcas não tem sido suficiente para atender à demanda da população.

A análise da XP sugere que, enquanto os EUA dominam o mercado de carne bovina e o Oriente Médio e Norte da África (MENA) lideram nas importações de carne de frango, a China deve se focar em garantir um abastecimento estável de carne suína. Isso será crucial para manter o equilíbrio econômico diante das atuais circunstâncias de mercado.