Amazônia, biodiversidade e segurança alimentar movimentaram os painéis da 10ª edição do Congresso Sustentável

O papel do setor empresarial e do Brasil frente às questões ambientais permeou as discussões em três dias de eventos

Terminou ontem a 10ª edição do Congresso Sustentável, realizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Ao longo de três dias, o evento contou com mais de 6.400 participantes e abordou temas importantíssimos sobre a Amazônia e a agenda brasileira até 2050, na busca por uma sociedade mais justa, resiliente e sustentável, sempre com palestrantes de renome, abordando assuntos fundamentais para as COPS 15, de biodiversidade, e 26, de clima.

Um dos principais debates foi sobre a Amazônia, que teve cinco painéis ao longo do primeiro dia. As discussões ressaltaram a importância da convergência entre o setor empresarial e o bioma, manter a floresta em pé, e como as empresas contribuem para as metas globais de biodiversidade traçadas na COP15. Mais de 20 especialistas se alternaram nos três dias de debates. Entre eles, representantes dos mais diversos setores da sociedade, incluindo Carlos Ayres Britto, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

“Pela primeira vez a humanidade convive com três graves crises que se retroalimentam: a crise sanitária agravada pela desigualdade social, a emergência climática e a perda da biodiversidade. Esses riscos vêm impactando fortemente a agenda e o posicionamento das empresas e de investidores que têm reafirmado a necessidade de descarbonização das carteiras de ativos”, disse Maria Grossi, presidente do CEBDS durante a abertura, reforçando que se acabássemos com desmatamento da Amazônia, o Brasil atingiria 80% do seu compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Os debates foram unânimes quanto à importância do bioma, o protagonismo que o Brasil deve assumir frente às questões ambientais, e os avanços e desafios vistos nos últimos anos, mas que podem ser revertidos, como mostrou Adnan Demachki, advogado e ex-prefeito de Paragominas, que geriu por oito anos, conseguindo tirar o município da “Lista Negra do Desmatamento” do Ministério do Meio Ambiente, transformando-o em um exemplo que deu início ao programa Municípios Verdes.

“O Brasil precisa priorizar a Amazônia. Necessitamos de um projeto maior em nível central”, alertou.

Outro tema importante foi Sistemas Alimentares, que ganhou grande atenção no segundo dia de evento. Lúcio Vicente, diretor de sustentabilidade da rede Carrefour, mostrou como a empresa está investindo em segurança alimentar, começando com a carne vendida pelo grupo, hoje com 100% de rastreabilidade de fornecedores, desde o nascimento do animal, seguindo até o momento para o corte.

Já Diane Holdorf, diretora executiva do programa Food & Nature (WBCSD) destacou também a necessidade de que haja uma visão compartilhada do futuro. “Deveremos ter uma ação, com desafios para emergências da natureza ajustadas com as necessidades da sociedade. A transformação deve acontecer em parceria com os outros stakeholders”, explicou.

O tema Ambição climática também se fez presente: “A campanha ´Race to Zero´, tem o objetivo de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050”, explicou Tânia Cosentino, CEO da Microsoft Brasil.Houve ainda discussões sobre a saúde dos oceanos e recomendações da força-tarefa para divulgações financeiras relacionadas aos riscos climáticos.

“É momento de implantar definitivamente essas mudanças”, alerta Denise Pavarina, vice-chair da Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD, em inglês, a força-tarefa), que reforçou o apoio ao setor privado na implantação de uma gestão financeira e sustentável.

Atualmente, muitas empresas já sabem que produzir e preservar não são antagônicos. Para que o Brasil avance no combate ao desmatamento e se enquadre como protagonista na aplicação das soluções baseadas na natureza é preciso unir forças.

“Precisamos mostrar que se consegue desenvolvimento econômico com floresta em pé”, comentou Fernando Sampaio, diretor executivo da Estratégia Produzir, Conservar e Incluir do Estado do Mato Grosso.

Os negócios regenerativos, inclusivos e resilientes também fizeram parte da pauta, concluindo que o setor empresarial protagoniza uma mudança comportamental para uso mais responsável dos recursos, e cabe ao poder público definir normas e diretrizes claras nas licitações de serviços previstos.

Já no último dia, um dos principais pontos foi ESG. João Paulo Ferreira, presidente da Natura, alertou que empresas negligentes com suas emissões de carbono poderão ser consideradas incivilizada dentro de poucos anos. Já Guilherme Karam, gerente de Economia da Biodiversidade na Fundação Grupo Boticário, advertiu que empreendimentos que falham em medidas de inclusão em relação aos fatores sociais e ambientais não irão sobreviver no mercado.

Ao fim do evento a conclusão de que é chegada a hora de agir ficou clara. Às vésperas das COPs de biodiversidade e clima, é tempo de união de esforços para construir uma economia mais sustentável e que permita ao Brasil e ao mundo o cumprimento das metas acordadas, principalmente a contenção das mudanças climáticas.

O Congresso Sustentável 2021 tem o patrocínio da JBS, Banco Bradesco, Banco Itaú, Banco Santander, Carrefour, Bloomberg Philanthropies, Braskem, DSM, Equinor, Lwart Soluções Ambientais, Moore Foundation, Siemens Energy, Vale e We Mean Business Coalition.

Fonte: Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)

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