Análise conjuntural das perspectivas para a política Socioambiental Nacional

Com o advento da Pandemia do Covid 19 que vem assolando o Brasil com mais de 22.965 mortes, nos vimos compelidos ao isolamento domiciliar para evitar um colapso do Sistema de Saúde Nacional.

A retomada ao convívio social irá demandar por um “novo normal” onde teremos, mais do que nunca, que pensar em internalizar no Brasil os princípios da Economia Circular.

Ainda que tenhamos avançado muito na elaboração de políticas públicas, o Brasil ainda não possui norma regulatória federal que trate da Economia Circular, o que acarreta um inevitável atraso ao desenvolvimento socioambiental nacional.

A sociedade brasileira necessitará de um processo de reinvenção para empreender, sem que isso comprometa a capacidade de resiliência dos recursos naturais.

Novas frentes de trabalho, com esse novo paradigma, deverão ser abertas com a implementação da Economia Circular no cenário econômico, onde a cadeia produtiva deverá primar pela reinserção dos resíduos como insumos até que estes se tornem efetivamente inservíveis.

Devemos pensar na ampliação dos resíduos como matérias primas e com isso reduzir a busca de recursos em seu estado natural.

Ampliar a eficiência e eficácia das políticas públicas relacionadas com a correta segregação, direcionamento e beneficiamento dos resíduos sólidos urbanos evitará que tenhamos impactos no solo, nos corpos hídricos e no meio atmosférico com disposição final em lixões a céu aberto.

Somos um país de dimensões continentais e propenso a sermos ricos e gigantes, contando hoje com 5670 municípios. No entanto um dado vergonhoso: infelizmente ainda possuímos 3 mil lixões a céu aberto.

Dos 5670 municípios do Brasil, apenas a metade dos entes possuem Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos – PGRS, sendo que a maior parte destes estão absolutamente desatualizados e descontinuados das necessidades atuais.

O Brasil detém grande parcela dos corpos hídricos degradados, bem como experimentamos um diagnóstico vergonhoso de grandes perdas hídricas na distribuição do recurso água.

Ainda somos um País que utiliza água tratada para lavar o chão, dar descarga e aguar plantas, pois ainda não temos uma norma federal que regulamente a água de reuso.

Resta evidente que temos um desafio que é avançar na elaboração de políticas socioambientais que tenham um potencial de viabilizar um desenvolvimento econômico circular e sustentável.

A Economia Circular irá viabilizar a abertura de novas frentes de trabalho que consequentemente irão produzir matéria prima sustentável para matriz econômica, além de novas qualificações profissionais para viabilizar a reinserção dos resíduos na cadeia produtiva, bem como novas tecnologias para o reaproveitamento hídrico da água para fins não nobres e com isso majorar a capacidade de resiliência dos recursos naturais.

A sociedade civil no brasil ainda possui a falsa impressão da pujança de recursos naturais e com isso não prima por mudar a base da sua economia. Crenças e valores devem necessariamente serem alterados.

Os recursos naturais estão cada dia mais escassos e degradados no Brasil e no mundo, o que impacta diretamente a qualidade e salubridade da vida.

As mudanças nos padrões de consumo e nas bases econômicas nacionais somente virão por intermédio da educação e da implementação de políticas públicas socioambientais, que trarão conscientização, qualificação e metas factíveis a serem alcançadas pela sociedade e pelos gestores públicos em todos os níveis de governo.

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A Advogada e Gestora Luciana Figueras é Especialista em Gestão Executiva em Meio Ambiente pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, está no Mercado Ambiental desde 2010 realizando Gestão Executiva em Meio Ambiente, Gerenciamento e Intermediação de Negócios Sustentáveis, com ênfase em Consultoria à órgãos públicos e entes privados, treinamento e qualificação profissional e corporativa, CEO na Empresa Tomorrow Gestão Executiva em Meio Ambiente. Contatos: (21) 97293-1333 / (61) 99850-1333 / tomorrowgestao@gmail.com