As florestas e as plantas medicinais e aromáticas

Comemora-se no dia 17 de julho o Dia da Proteção às Florestas. Num tempo em que todos estão preocupados com uma pandemia que avassala o planeta, torna-se necessário de alguma maneira refletir e associar esse nosso momento à forma como a raça humana tem tratado as florestas mundo à fora. 

O que o coronavírus tem a ver com isso? Talvez mais do que se imagina. Doenças advindas de animais podem estar relacionadas a um desequilíbrio ambiental, à maneira inadequada como as pessoas têm ocupado espaços que talvez não sejam delas. As florestas guardam tantos mistérios, tantas riquezas. O Brasil possui um dos mais importantes biomas de plantas aromáticas e medicinais do mundo. Por aqui existem espécies únicas, com benefícios para a saúde comprovados cientificamente, como a Copaíba, Guabiroba, Sucupira, Preciosa, entre outras. Estudiosos do mundo inteiro se interessam, há décadas, pelas riquezas medicinais do solo brasileiro. Mas ainda há muito o que se descobrir. No entanto, o alto índice de desmatamento se traduz como uma grande ameaça à vida de plantas, animais e a milhares de povos indígenas e sua cultura tão rica de cores, curas e sabores. Há inúmeras plantas que ainda sequer foram catalogadas e que, talvez, nem cheguem ao conhecimento do homem. 

Segundo dados do Greenpeace, só no ano passado, a cada minuto, uma área maior do que dois campos de futebol foi desmatada ilegalmente na Floresta Amazônica.  Mais de mil árvores derrubadas a cada minuto. Destruir a vegetação, mais do que simplesmente derrubar árvores, é reduzir ou acabar com o habitat de diferentes espécies, desproteger o solo e também gerar alterações drásticas nos cursos das águas.

A Floresta Amazônica está longe de ser o único alvo dos exploradores ilegais. Conforme estudo da Fundação SOS Mata Atlântica, Minas Gerais é o estado que apresenta as maiores taxas de desmatamento no país. Ao todo, entre 2017 e 2018, Minas perdeu 3.379 hectares do bioma. A Mata Atlântica é uma das florestas mais ricas em diversidade de espécies do planeta. O bioma abrange uma área de cerca de 15% do total do território brasileiro, que inclui 17 estados, dos quais 14 são costeiros. Nesses locais vivem aproximadamente 145 milhões de pessoas, que dependem das múltiplas funções ambientais da Mata Atlântica. 

Mas as notícias não são de todo ruins. Há um movimento, ainda incipiente, de parcerias entre empresas e pequenos produtores em várias partes do país, que estão recebendo apoio e incentivo para cultivo de  espécies de plantas nativas brasileiras. Algumas áreas destinadas ao plantio de tabaco, por exemplo, estão dando lugar ao plantio dessas plantas. Parcerias com pequenos agricultores de plantio em sistema de agroflorestas, sistema que une uma agricultura sustentável com o reflorestamento e proteção de matas, tem possibilitado a produção de óleos essenciais de ervas e árvores em um mesmo ecossistema saudável. Na base dessa cadeia produtiva também está a agricultura familiar, o que torna esses projetos ainda mais necessários, pois gera emprego e renda para a região onde estão estabelecidos. Uma dessas iniciativas possibilitaram o recente plantio de espécies, como a Jurema Branca, uma árvore nativa da Chapada Diamantina (BA), e que foi pela primeira vez na história, transformada em óleo essencial. A resina é retirada das folhas da árvore, envasadas e colocadas à venda no mercado, num processo totalmente sustentável. Seus benefícios para a saúde já são conhecidos da ciência com poderosa ação antioxidante, imunoestimulante e anti-inflamatória. Um exemplo de que parceria entre empresas, natureza e as pessoas envolvidas no  processo podem ser benéficas para todos. Recebe-se da natureza, sem prejudicá-la.

Conheça as propriedades de alguns óleos essenciais provenientes destas parcerias: 

Guabiroba – O óleo essencial obtido das folhas possui aroma herbal e quando envelhece adquirie aroma de rum. De ricas propriedades anti-inflamatórias, é benéfico no tratamento de doenças de pele, possui ação ansiolítica e como estimulante da memória. Também encontra uso culinário.

Araçá-rosa – O araçá possui quimiotipos (raças químicas) que dão óleos bem diferentes. Um dos de maior destaque é rico em cineol, sendo expectorante e benéfico para as vias respiratórias. 

Jurema-branca – Cultuada em religiões de matrizes ameríndias, o óleo de jurema se destaca pelas suas qualidades sagradas e espirituais que reconectam o ser humano a sua essência original. Possui propriedades antioxidantes, relaxantes, imunoestimulantes e condroprotetoras (previne a degradação das cartilagens na artrose). 

Pariparoba – Planta conehcida por suas qualidades benéficas para os rins e fíagado. Seu óleo essencial carrega tais qualidades, sendo também um excelente produto para drenagem linfática e detoxificação.  

Capim-são-josé – De aroma rústico, este campim que cresce nos cerrados, chapadas e planaltos possui qualidades ansiolíticas, calmantes da pele, sendo especilamente apreciado na perfumaria. 

Erva-da-graça – Muito empregado em meditação e relaxamento por suas qualidades profundamente tranquilizadoras. 

Capiçoba – Esta erva que também é empregada na cozinha mineira da roça, possui um aroma herbal muito intenso que pode ser aproveitado em perfumes inusitados e destaque.

Enxota – Um matinho que encanta pelo seu aroma tão perfeito que o torna um perfume pronto. De qualidades diuréticas e anti-inflamatórias.   

Sucupira – Óleo rico em poderosos compostos de ação anti-inflamatória e que vem sendo pesquisados no combate a variados tipos de câncer.

Fábián László – Cientista Aromatólogo e CEO da Laszlo Aromatologia