A produção de qualquer produto pode atingir o meio ambiente de diferentes formas. Muito se fala sobre mudanças climáticas e emissões de CO2, porém, esses não são os únicos tipos de impactos ambientais possíveis no processo produtivo. Pensando nisso, os fluxos de matéria e energia envolvidos no ciclo de vida de um produto são medidos e relacionados a diversas categorias de impactos ambientais, sendo assim possível a compreensão de quais são os danos ou benefícios da fabricação e uso de um determinado produto.
O ACV surgiu na década de 60, onde foi impulsionada pela crise do petróleo da década de 70, como uma ferramenta para analisar opções para redução de custos operacionais relacionados ao consumo de energia e de matérias-primas de processos produtivos. A metodologia da ACV é regulamentada pelas normas ISO 14040 e 14044, versões corrigidas de 2014.
A avaliação do ciclo de vida dos produtos auxilia na identificação de oportunidades de melhoria nos aspectos ambientais dos produtos nas várias fases do seu ciclo de vida, visando sempre minimizar o uso de itens tóxicos, reduzir o consumo de água e energia, diminuir a geração de resíduos e os gerados sendo reutilizados como sub-produtos, aumento do teor de acidez do solo, água e ar (acidificação), reduzir os custos dentro do processo, avaliar a utilização de máquinas e equipamentos e ainda gerenciar outras atividades ambientais referentes ao processo industrial, entre outros.
Assim o consumidor, sabendo do processo adquirido pela empresa, tem o poder de escolha, dentro das suas possibilidades, produtos de companhias que se adequem a uma lógica mais sustentável.
Com a ACV, muitas questões podem ser respondidas quanto à escolha e compra de um produto. Algumas das principais perguntas realizadas podem ser:
- Qual produto tem menor impacto ambiental?
- Quantos kg de CO2 são emitidos para fabricar este produto?
- Qual etapa deste produto tem maior consumo de água?
- Qual matriz energética é menos poluente?
- Qual material tem menor impacto ambiental?
Assim, a ACV é apontada como a melhor ferramenta de Gestão Ambiental para identificar e gerenciar as principais fontes de impacto dentro da cadeia produtiva, evidenciando pontos de atuação e facilitando o acompanhamento das ações de mitigação e redução dos impostos.
Deste modo, do ponto de vista empresarial, a ACV é aplicada em:
- Desenvolvimento de produtos mais sustentáveis;
- Avaliação estratégica de produtos frente a concorrentes;
- Análise de alternativas para redução de impactos dentro da cadeia de valor;
- Maior conhecimento do processo produtivo;
- Atendimento às leis e políticas ambientais;
- Marketing Verde;
- Elaboração de relatórios de sustentabilidade;
- Criação de rótulos ambientais.
E do ponto de vista governamental, é vista como um critério diferencial nas licitações para aquisição de serviços e produtos pela administração pública e como um instrumento para o cumprimento de aspectos legais e metas de redução de impactos ambientais.
Na aplicação da ferramenta da Avaliação do Ciclo de Vida, esta, envolve 4 fases, conforme a ISO 14040: Definição dos Objetivos e Escopo, Análise de Inventários, Avaliação dos Impactos e Interpretação.
Uma nomenclatura bastante utilizada, refere-se ao berço, na qual nada mais é que o início do ciclo de vida do produto e portão aos processos que ocorrem dentro da fábrica. Assim:
- Berço-ao-berço: todas as etapas do ciclo;
- Berço-ao-portão: análise até a etapa de produção;
- Portão-ao-portão: apenas as etapas de fabricação.
A gestão do ACV envolve os princípios como o dos 6 R’s (Repensar; Reparar; Reutilizar; Reduzir e Reciclar), da Logística Reversa e Ciclo PDCA.
A metodologia é essencialmente quantitativa: os resultados numéricos refletem as categorias de impacto e permitem, inclusive, comparações entre produtos semelhantes. Tal abordagem permite identificar os pontos críticos no ciclo de vida do produto e assim promover melhorias nos processos produtivos, tornando a empresa e o produto cada vez mais adequados ao meio ambiente.
