Cardiologista desaconselha caminhadas em grupo

Próximo de completar os 80 anos de idade, ele se prepara para participar, no último fim de semana de julho, da 12ª edição do Caminho Araribóia, uma caminhada que começa em Niterói (junto à estátua do índio Araribóia) e termina no Forte São Mateus, na Praia do Forte, em Cabo Frio, num trajeto de 140 quilômetros percorridos em uma semana pelo litoral. Conceituado cardiologista de Niterói, Heraldo Victer disse que a chegada do vírus Covid-19 é extremamente preocupante, mas que as pessoas podem continuar fazendo suas caminhadas ao ar livre, desde que evitem aglomerações e mantenham uma distância de pelo menos um metro de um eventual acompanhante.

Médico há 50 anos, Victer pela primeira vez fechou o consultório, em Icaraí, na Zona Sul de Niterói, para se proteger e resguardar também os seus pacientes. Liberou seu telefone particular nas redes sociais para tirar dúvidas e acompanhar de casa a evolução do vírus no Brasil. Na mesma postagem, dá informações básicas para que seus amigos e pacientes se protejam do Covid-19 e não tem dúvidas de que o Ministério da Saúde está tomando as medidas corretas para evitar que se repita no Brasil a tragédia que está matando muitos italianos.

— O vírus flutua no ar, vai de um lado para outro através de um veículo, que pode ser uma gotícula de saliva, uma secreção nasal, e fica grudado nas superfícies, que pode ser uma mesa, uma maçaneta, uma chave, um guidão de bicicleta. Para matá-lo, muita água e sabão e álcool gel – explicou o cardiologista.

Um antigo incentivador das caminhadas, Heraldo Victer aconselha os caminhantes a mudar alguns hábitos em época de pandemia:

— Ao contrário das academias, a caminhada ao ar livre não oferece risco se o caminhante tomar cuidados. Neste momento, a caminhada solitária é a mais recomendada, mas se a companhia for uma pessoa saudável, basta manter uma distância de segurança. Caminhadas em grupo nem pensar, é risco – adverte.

Em toda a sua carreira, Victer não passou por uma pandemia tão grave quanto à atual:

— Meu pai me contou que meu avô sofreu muito com a gripe espanhola de 1917. Morreu muita gente. No quadro atual, o Ministério da Saúde está agindo corretamente, com medidas duras, ao contrário do que aconteceu na Itália que, por sinal, tem um sistema de saúde muito melhor que o nosso. O vírus se propaga com imensa rapidez e se não houver um distanciamento social, que o Brasil está adotando, o sistema de saúde fica saturado e os médicos não têm condição de atender os pacientes adequadamente. Os cuidados com a higiene e o distanciamento social são necessários para conter o surto em nosso país – concluiu Heraldo Victer.

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Paulo Roberto Araújo fez sua carreira profissional no jornal O Globo. Prêmio CREA de Meio Ambiente, foi repórter e depois editor assistente (chefe de reportagem) da Editoria Rio durante 25 anos, com atuação voltada principalmente para o meio ambiente e o interior do Rio.