Num mundo cada vez mais conectado, o surgimento de espécies invasoras tornou-se uma preocupação crescente. Insetos como o percevejo marmorizado castanho e a mosca-lanterna-pintada têm impactado negativamente as culturas agrícolas, e encontrar um equilíbrio ecológico ao lidar com essas ameaças é essencial para a sustentabilidade.
Anne Nielsen, professora associada do Departamento de Entomologia da Escola Rutgers de Ciências Ambientais e Biológicas (SEBS), tem sido uma líder na pesquisa sobre essas espécies invasoras. Desde 2003, Nielsen estuda o percevejo marmorizado, uma praga que ganhou notoriedade pelos prejuízos causados às culturas nos EUA. Seu trabalho, em conjunto com o entomologista George Hamilton, traçou o ciclo de vida e as origens desse inseto, fornecendo bases para o desenvolvimento de estratégias de manejo.
Espécies Invasoras e Seus Impactos
Espécies invasoras são organismos não nativos que causam danos significativos ao meio ambiente ou à economia. Em Nova Jersey, conhecida como o “Garden State” devido à sua rica tradição agrícola, essas pragas representam uma ameaça substancial. A infestação de percevejos entre 2010 e 2011 resultou na perda de 60% da produção de pêssegos, uma das principais culturas do estado.
Nielsen enfatiza a complexidade da gestão dessas pragas. Em suas pesquisas de campo, ela e seus alunos analisam o ecossistema como um todo, observando não apenas as árvores frutíferas, mas também a vegetação circundante e os inimigos naturais dos insetos invasores. Compreender os comportamentos desses insetos, como seus movimentos dentro e fora dos pomares, é crucial para desenvolver estratégias de controle eficazes.
Uma dessas estratégias inclui técnicas de “pulverização nas bordas”, que visam reduzir a quantidade de pesticidas utilizada, focando apenas nas áreas necessárias e preservando partes significativas do pomar.
Desafios e Rotas de Introdução
As espécies invasoras entram em novas regiões principalmente através do comércio global e da movimentação de contêineres. Nova Jersey, com sua densa população e proximidade de grandes áreas urbanas, está particularmente vulnerável. Esta proximidade cria o que Nielsen chama de “interface agro-urbana”, onde áreas agrícolas e urbanas coexistem, aumentando as chances de introdução de pragas.
O impacto econômico dessas espécies não se limita apenas às perdas diretas nas culturas. Os custos ocultos, como os associados ao controle e ao manejo contínuo, também são significativos. A drosófila de asa manchada, por exemplo, é uma praga que afeta gravemente pequenos frutos como mirtilos e framboesas, levando muitos agricultores a erradicar completamente suas plantações.
Soluções Sustentáveis e Controle Biológico
Nielsen e sua equipe têm explorado soluções sustentáveis para o controle de pragas. Uma abordagem promissora envolve o uso de controle biológico. No caso do percevejo marmorizado, uma pequena vespa parasitóide sem ferrão tem mostrado potencial. Essa vespa coloca seus ovos dentro dos ovos dos percevejos, destruindo-os ao eclodir.
Além disso, a luta contra a mosca-lanterna-pintada, detectada pela primeira vez em Nova Jersey em 2018, continua. Em colaboração com outros cientistas, Nielsen desenvolveu métodos inovadores de detecção e controle, incluindo o uso de assinaturas genéticas para identificar a praga e a otimização do uso de pesticidas.
A batalha contra essas espécies invasoras é contínua e complexa, mas os esforços para desenvolver métodos de controle sustentáveis são vitais para proteger tanto a agricultura quanto o ecossistema de Nova Jersey.
Fonte: Universidade Rutgers