Evergrande: As consequências da crise no gigante conglomerado chinês

O mercado econômico, com suas mais diversas variações de segmentos, costuma funcionar como um organismo vivo, reagindo diretamente às mudanças sociais, políticas e econômicas, uma situação que permite com que a crise na Evergrande preocupe a todos.

O próprio mercado financeiro foi instituído de forma a regulamentar as operações que envolvem a compra e venda de ativos, entre outras atividades financeiras. Elementos esses que a longo prazo trabalharam para resultados positivos para a sociedade.

Pois por mais importante que seja manter o mercado comercial em frequente funcionamento, essa necessidade acontece justamente pelos impactos sociais que a situação econômica de uma região irá causar em relação a essa população.

É esse inclusive um dos trabalhos de um escritório que oferece serviços da contabilidade, de forma a garantir que o ecossistema de uma empresa funcione de forma fluida e eficaz, garantindo bons resultados para gestores, funcionários e também para os clientes.

Quando se pensa no mercado econômico em um nível global essas responsabilidades se multiplicam em um nível astronômico, atingindo não apenas o país sede dessas empresas, mas todos os mercados que fazem negócios com essa empresa.

Algo não tão inédito, afinal é só lembrar do período das grandes navegações, e de como os impérios disputavam a conquista de colônias, de forma a encontrar matérias-primas para as suas indústrias em formação, podendo negociar seus produtos com outros reinos.

O processo de globalização apenas intensificou essas relações, com os serviços de um despachante aduaneiro, que realiza o transporte de cargas de um território para outro, chegando a níveis cada vez mais extensos de negociações globais.

E é justamente essa dependência dos mercados estrangeiros, assim como as relações intrínsecas entre diferentes mercados em nível internacional que permite que uma crise financeira em um país da Europa afete a economia de mercados americanos e asiáticos.

Com base nessa relação econômica, o mercado atualmente aponta os seus olhos para a crise econômica do conglomerado chinês que é a Evergrande.

Mas antes de nos desdobrarmos sobre como a situação econômica dessa empresa pode afetar grande parte do mercado mundial, é importante primeiro entender sobre as particularidades dessa companhia, e o que a levou a esse estado de crise.

Com o que trabalha a Evergrande?

Criada em 1996 pelo empresário chinês Hui Ka Yan (Xu Jiayin em mandarim), a Hengda Group, posteriormente renomeada como Evergrande Real Estate Group, é hoje uma das maiores empresas imobiliárias da China.

Uma companhia que cresceu junto da expansão imobiliária do país, que viu a sua economia crescer em um forte ritmo, com destaque para a última década. Um crescimento que fez com que o grupo chinês se tornasse uma das maiores empresas do mundo.

Um sucesso que fez a Evergrande ser listada como uma das participantes da Global 500, uma lista dos maiores grupos comerciais em termos de receita, realizada pela revista de economia Fortune, ocupando a 122ª posição, de acordo com a lista de 2021.

Com uma grande valorização no mercado chinês e mundial, a empresa tornou-se o cliente dos sonhos de qualquer escritório de consultoria contábil para empresas, visto o prestígio que ter um clientes desse porte em seu portfólio pode trazer.

Iniciando as suas atividades na província de Cantão (Guangzhou), a Evergrande atualmente tem a sua sede financeira posicionada na cidade de Shenzhen, região conhecida pelo seu valor comercial, graças a seu amplo mercado comercial e edifícios contemporâneos.

Apesar desse ter sido o ramo original da empresa, sendo o que a levou para uma posição tão privilegiada no mercado econômico chinês, a Evergrande hoje não trabalha apenas com o setor imobiliário, tendo entre suas atividades de destaque:

  • Mercado imobiliário;
  • Veículos elétricos;
  • Investimentos em mídia;
  • Investimentos no ramo alimentício.

Uma relação que faz com que a empresa empregue cerca de 200 mil funcionários, sendo indiretamente responsável pela contratação de uma média de 3,8 milhões de empregados por ano, sendo assim de grande importância para o governo chinês como um todo.

Destacando-se com um sistema de gestão de ativos, visto essa ampla quantidade de colaboradores que atuam para o sucesso financeiro dessa companhia. E quanto mais ela cresceu, mais a Evergrande passou a apostar em negócios pouco usuais para o meio.

Entre esses investimentos, destaca-se o Evergrande Fairyland, um grande parque temático atualmente em construção pela empresa, sendo um projeto ambicioso, que almeja a criação de um arquipélago artificial para a recepção de clientes do mundo todo.

Até mesmo um time de futebol encontra-se entre os projetos do grupo chinês, com o Guangzhou Evergrande Football Club.

Um sinal da expansão comercial da empresa, todos esses investimentos atualmente levantam dúvidas no mercado, com muitos especialistas apontando que esses projetos mirabolantes podem ser um dos responsáveis pela crise atual do grupo.

Evergrande em crise: como isso afeta o mercado

Apesar do sucesso visível da companhia, o mesmo não acontecia com o registro em caixa da empresa, que colocou todo o mercado econômico em estado de alerta, após informar que atualmente se encontra sem renda para pagar as suas dívidas.

De forma a financiar muitos dos projetos citados, a Evergrande atuou com grandes empréstimos financeiros de instituições bancárias com base no governo chinês.

Além do possível rombo de caixa do país, a empresa se encontra sem renda para cumprir  certos contratos, o que apenas atenua um processo de crise no país e em todo o mercado financeiro global, visto a importância da China como um mercado.

Empréstimos imensos

De forma a apostar no crescimento do país, a China investiu bastante no seu mercado local, o que de fato deu resultados, visto o progresso que o mercado chinês alcançou mundialmente, a ponto de vislumbrar a posição de maior economia do mundo.

A questão com a Evergrande não está no desfalque financeiro premeditado, que poderia ser revisto por um processo de revisão de impostos, mas sim em sua incapacidade de arcar com as dívidas acumuladas, chegando ao número de 300 bilhões de dólares.

A empresa se afastou do seu propósito

Outro motivo listado como uma das possíveis causas para o endividamento do grupo está justamente nos projetos que motivaram esses empréstimos, que se afastam do propósito original da companhia que era focar no mercado imobiliário.

A falta de foco da empresa, e o desejo de expandir para novos mercados, sem contar com as particularidades de cada um, é visto por especialistas como um motivador da sua crise.

Declínio no crescimento imobiliário na China

A empresa deveria ter focado em seu mercado principal, já que ele não se encontra na mesma posição de destaque que teve anteriormente. Após um grande crescimento no setor, o ramo imobiliário atualmente se encontra em um processo de declínio.

Algo comum em qualquer negócio após um certo tempo de expansão, como uma empresa que desenvolve um avançado gerador a diesel industrial e vê suas receitas aumentarem. 

Por isso, após um período de aquisição em massa do setor fabril, é previsto que com o tempo essas vendas caiam, atingindo um nível mais constante de vendas, sendo o que acontece hoje com o mercado imobiliário chinês.

O que mais alerta os analistas de economia é a forma como essa crise afeta não apenas o país chinês, mas também todos os mercados que atuam diretamente ou indiretamente com o gigante asiático, como o Brasil.

O peso dessa crise no mercado internacional

Graças aos processo de globalização com os países e mercados se relacionado de forma constante, qualquer problema financeiro de graves proporções em um mercado irá afetar os seus parceiros comerciais, além daqueles que comercializam com tais parceiros

Visto a integração econômica nesse sentido, os analistas financeiros temem que a crise na Evergrande alcance um patamar similar à crise imobiliária nos EUA em 2008, com a queda do grupo financeiro de investimentos Lehman Brothers.

Existe também o medo que essa crise se espalhe para outros setores comerciais, como no mercado industrial, que trabalha com o fornecimento de filtro lubrificante, além de outros produtos, ainda mais levando-se em conta a pluralidade de serviços do grupo Evergrande.

Ao mesmo tempo, os especialistas mostram-se mais cautelosos em relação a uma crise mundial, visto as características de um mercado mais fechado que é implantado pela China. 

Existe também a atuação do país, comprando uma fatia desse mercado para tentar aliviar as dívidas do grupo,. Uma relação que pode ajudar a conter os seus danos no sistema financeiro, afetando somente os países que trabalham diretamente com o governo chinês.

Uma preocupação para o Brasil, onde 30% das suas exportações se direcionam à China, que já lida com outros desgastes financeiros, como os efeitos da pandemia no mercado e a falta de investimento estrangeiro, diante a crise política do país.

Portanto, seja com a produção de canetas ou com a reforma de valvulas industriais, a verdade é que cada vez mais os mercados globais dependem de conexões internacionais, tendo de ficar atentos para que um problema em um país não prejudique todo um sistema financeiro.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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Formado em Jornalismo e Comunicação Social. Assessor digital pela equipe Guia de Investimento. Meu compromisso é entregar conteúdos de qualidade para diversos setores, entre os principais: Tecnologia, finanças e meio ambiente.