Educação financeira em sala de aula: competências e habilidades para um consumo responsável

Estudo da PUCPR aponta a importância da educação financeira no contexto escolar; disciplina se torna obrigatória a partir de 2020

Viver em uma sociedade ligada ao consumo exige preparação para tomar decisões conscientes e adequadas para a saúde financeira do consumidor. A necessidade é ainda maior no contexto atual, em que o gasto está diretamente ligado ao investimento em publicidade, que no Brasil, chegou a R$ 16,54 bilhões em 2018, segundo o Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão), entidade que reúne anunciantes, veículos de comunicação e agências de propaganda.

Essa preparação pode começar na escola por meio da educação financeira. Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) aponta a importância da educação financeira no contexto escolar, principalmente para o estudante de ensino médio.

A pesquisa “Educação financeira: importância e aspectos de um saber em livros escolares de ensino médio (1996 a 2016)” foi desenvolvida por Paulo Rogério Palma Freire no Mestrado em Educação da PUCPR e publicada em 2018.

“A educação financeira é um saber importante a ser apropriado por esse estudante, principalmente em tempos atuais, quando apelos ao consumo são feitos de diversas formas”, explica Freire.

O estudo parte das ideias de consumo e consumismo, este como uma forma exagerada e prejudicial do consumo e que pode afetar a vida das pessoas de forma negativa.

“O consumo em excesso leva ao consumismo que certamente traz consequências sérias à vida daquele que se insere num processo exacerbado de consumo”, afirma Freire, citando a importância de educar para o consumo responsável.

“Esse consumismo passa a gerar problemas para as famílias que, por não terem um entendimento de Matemática Financeira e da educação financeira, acabam consumindo créditos muito acima da sua capacidade de pagamento”, explica Freire.

Ele aponta ainda que esses créditos são colocados à disposição por instituições financeiras e usados pelos consumidores sem uma análise prévia de como vão impactar o orçamento familiar, o custo do produto e condições de compra à vista ou à prazo.

Segundo a pesquisa, a educação financeira pode fazer parte do cotidiano escolar por meio da matemática. Os conteúdos incluem identificar a diferença entre juros simples e juros compostos, taxa contratual e taxa efetiva, entre outros. Com esses conhecimentos, destaca Freire, as famílias podem usar os créditos de forma correta e tomar decisões conscientes.

Apesar da importância do tema, a educação financeira ainda é pouco discutida nos livros didáticos de matemática para o ensino médio. A pesquisa analisou dois manuais escolares utilizados em escolas públicas do estado de Santa Catarina, de ensino médio, entre os anos 1996 e 2016. O foco foi analisar os conteúdos destinados à educação financeira como parte da disciplina de Matemática. Freire considerou ainda os Parâmetros Curriculares Nacionais, para o Ensino Médio, e as Diretrizes Curriculares de 2014 do estado de Santa Catarina para mensurar como os conteúdos aparecem no currículo de ensino médio.

“Os livros didáticos, como estão formalizados, nos mostra que o estudante pode vir a ser um analfabeto funcional e um analfabeto financeiro, com um índice crescente de famílias endividando-se devido ao uso vicioso de créditos”, diz Freire.

Para ler o estudo completo, acesse: http://bit.ly/2J9HEKm

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