“Efeito Borboleta”: Como as Mudanças Climáticas Estão Afetando as Borboletas na Albânia

No sudoeste da Albânia, as vibrantes borboletas Alexanor, outrora abundantes nas encostas floridas, estão desaparecendo. Cientistas alertam que essa espécie é apenas uma das 58 das 207 espécies de borboletas do país em risco de extinção devido a impactos humanos, incluindo as mudanças climáticas.

Declínio das Borboletas: Um Alerta Ambiental

A entomologista Anila Paparisto, da Universidade de Tirana, destaca que as borboletas são sensíveis às mudanças ambientais e funcionam como um “espelho” das condições do ecossistema em que vivem. Em Zvernec, uma área pitoresca da Albânia, Paparisto e sua equipe estão catalogando as espécies remanescentes e aquelas que já desapareceram.

A atividade humana e as mudanças climáticas tiveram grandes impactos na natureza”, afirma Fjona Skenderi, estudante de biologia que participa das pesquisas em Zvernec. Entre os fatores que contribuem para o declínio das borboletas estão a rápida urbanização, o uso de pesticidas e o aumento das temperaturas.

Impactos em Cadeia no Ecossistema

No Parque Natural Divjaka, o agrônomo Altin Hila observa o desaparecimento de outras espécies de insetos, como a traça gigante do pavão e o tigre da planície. Hila explica que as mudanças climáticas, como invernos mais quentes seguidos por quedas bruscas de temperatura na primavera, têm sido devastadoras para as borboletas.

“Isso encorajou a eclosão dos ovos e o crescimento das larvas, mas em abril as temperaturas eram muito baixas para que sobrevivessem”, comenta Hila, que também administra um museu de borboletas em Divjaka.

O declínio das borboletas não afeta apenas os insetos. “Isso terá impacto em toda a cadeia alimentar e na biodiversidade, que também é essencial para os seres humanos”, alerta Paparisto. Esse fenômeno é conhecido como o “efeito borboleta”, onde pequenas mudanças podem ter consequências significativas em um sistema complexo.

A Ameaça da Urbanização e Espécies Invasoras

Assim como outras áreas da Albânia, as zonas costeiras próximas a Zvernec estão sendo rapidamente urbanizadas. A construção desenfreada de resorts e apartamentos, muitas vezes sem a devida supervisão, junto com a pesca excessiva, está contribuindo para a queda nas populações de aves migratórias e borboletas.

Uma ameaça adicional vem de espécies invasoras. A introdução de uma mariposa não nativa, proveniente da China, através da importação de plantas ornamentais, devastou mais de 80% das florestas de buxo da Albânia desde 2019. As larvas dessas mariposas, facilmente identificáveis por suas cores verde neon e preto, têm reduzido as florestas a cascas.

É um desastre, pois essas mariposas podem se reproduzir de três a quatro vezes por ano”, explica Avdulla Diku, engenheira florestal. Ao longo da estrada até Pogradec, no noroeste da Albânia, as outrora vibrantes fileiras de buxo agora são meras sombras do que foram, consumidas por essas larvas agressivas.

A Urgência de Ações Concretas

Sylvain Cuvelier, pesquisador entomológico e coautor do primeiro atlas de borboletas albanesas, reforça a necessidade de uma resposta urgente. “É um lembrete firme da fragilidade e do equilíbrio sutil do ambiente em que vivemos. Precisamos unir esforços para encontrar soluções, repensar o uso dos recursos naturais e trabalhar para a proteção e restauração do nosso ambiente.”

A situação das borboletas na Albânia é um microcosmo das pressões globais sobre a biodiversidade, sublinhando a necessidade de ação climática e ambiental imediata.

Fonte: ONU News