Estudo aponta que empresas estão mais preocupadas com os direitos da criança, mas há espaço para melhorias

Relatório analisou dados das 692 maiores corporações em receita do mundo, de nove setores e seis regiões

Buscando compreender a preocupação e contribuição das empresas aos direitos da criança, o relatório “A Situação dos Direitos da Criança e Princípios Empresariais: da Promessa à Prática” (2019) analisou dados de centenas de organizações multinacionais. O resultado mostra que as empresas em todo o mundo estão implementando mudanças positivas para proteger os direitos da criança, mas precisam acelerar o ritmo das iniciativas.

O estudo conduzido pela organização Global Child Forum, uma fundação sem fins lucrativos com sede em Estocolmo, avaliou três áreas em que o setor corporativo tem impacto sobre os direitos da criança, sendo elas: Ambiente de trabalho; Mercado; Comunidade e Meio Ambiente. Dentro de cada um desses pilares, as empresas foram avaliadas quanto às políticas, às estruturas de implementação e à divulgação das ações. A partir disso, receberam uma nota e foram classificadas entre Iniciantes, Melhoradoras, Conquistadoras e Líderes. A iniciativa ocorreu em parceria com o Boston Consulting Group.

O estudo demonstrou que houve avanços significativos no mundo corporativo em relação aos direitos da criança desde a primeira pesquisa em 2014, porém, ainda há um longo caminho a ser percorrido.

Principais achados

  • Falta de visão estratégica: muitas empresas ainda não veem os direitos da criança como uma prioridade estratégica e priorizam a filantropia, o que resulta em iniciativas com foco apenas em necessidades de curto prazo, como projetos de caridade.
  • Diferença entre promessa e prática: embora muitas empresas tenham políticas para proteger os direitos da criança, a implementação ainda é um desafio. Entre as empresas que proíbem explicitamente o trabalho infantil, menos da metade (43%) realiza qualquer tipo de avaliação dos fornecedores e apenas 33% têm os direitos da criança sob supervisão do conselho diretivo.
  • Mais engajamento dos conselhos diretivos: mais conselhos corporativos veem os direitos da criança como uma preocupação. Atualmente, 30% das empresas tratam esse tema no nível do conselho, um aumento em comparação aos 13% da pesquisa de 2014. No entanto, existe a necessidade dos conselhos se envolverem de maneira mais ativa e demonstrarem um compromisso mais claro com essa questão.
  • Crianças como consumidores: entre os três pilares analisados, as empresas, em geral, apresentaram a menor pontuação nos indicadores relacionados à proteção de crianças como consumidores por meio de marketing responsável e segurança dos produtos.

“Nosso relatório demonstra que as empresas estão começando a entender a especificidade das questões relacionadas aos direitos da criança em um contexto corporativo e querem fazer uma diferença positiva”, disse Cajsa Wiking, secretária geral do Global Child Forum. “No entanto, também descobrimos que muitas empresas precisam ir além da implementação de políticas formais e colocá-las em prática por meio da implementação e integração nas operações da empresa e nas cadeias de suprimentos “.

Iniciativas que transformam a realidade

Se o estudo demonstrou que ainda há espaço para melhorias, também serviu para trazer bons exemplos. Com nota 9,2, sendo considerada pelo estudo uma empresa Líder em questões relacionadas aos direitos da criança, o grupo Japan Tobacco Inc comprova que iniciativas conjuntas fazem a diferença. A organização mantém projetos e políticas de proteção à infância em todas as áreas analisadas no estudo e obteve nota acima da média do setor, que foi de 5,6

No Brasil, a empresa Japan Tobacco International (JTI), integrante do grupo JT, mantém programas com foco em boas práticas de trabalho na agricultura e na erradicação do trabalho infantil. Um exemplo é a iniciativa Alcançando a Redução do Trabalho Infantil pelo Suporte à Educação (ARISE) que, desde 2012, atua para prevenir e erradicar o uso desse tipo de mão de obra em comunidades produtoras de tabaco. O programa também ocorre no Malawi, Zâmbia e Tanzânia, e possui a parceria da Winrock International.

A atuação do ARISE está baseada em três pilares: Educação, Empoderamento Econômico e Estruturas Legais. No Brasil, os esforços, até o momento, estão concentrados nos municípios gaúchos Arroio do Tigre, Sobradinho, Ibarama e Lagoa Bonita do Sul. Mais de 4 mil crianças já foram beneficiadas pelas atividades de contraturno escolar, e cerca de 673 mães foram capacitadas em oficinas voltadas ao empreendedorismo e geração de renda.

Outro programa da JTI que contribuiu para que o grupo JT recebesse o título de Líder é o Práticas de Trabalho na Agricultura (ALP na sigla em inglês). A sua atuação está focada no acompanhamento das rotinas realizadas nas lavouras pelos produtores integrados e pelas empresas com as quais a JTI adquire tabaco em nível mundial.

O objetivo é garantir que agricultores e companhias fornecedoras de tabaco atendam aos padrões de trabalho internacionalmente reconhecidos com relação ao trabalho infantil, direitos dos trabalhadores e saúde e segurança. Para isso, são realizadas ações de conscientização e monitoramento. Isso a partir do compartilhamento e reforço dos padrões do ALP, além de notificação em caso de irregularidades. Se as não conformidades continuarem, medidas como rescisão do contrato podem ser tomadas.

“Estamos orgulhosos de saber que o grupo JT é líder em relação aos direitos da criança. Isso demonstra que nossos esforços para garantir que a cadeia produtiva do tabaco seja não apenas sustentável, mas responsável, estão no caminho certo. Também estamos conscientes de que essa é uma jornada de melhoria contínua e ainda há muito o que ser feito visando melhorar cada vez mais nossas práticas de negócio”, afirma Flavio Goulart, Diretor de Assuntos Corporativos e Comunicação da JTI.

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