Grandes empresas de relações públicas são peça central na desinformação climática, diz estudo

Um novo estudo revisado por pares argumenta que as empresas de relações públicas (RP) são uma força importante na obstrução da comunicação sobre mudanças climáticas nos EUA, influenciando a percepção pública sobre os desafios e soluções para enfrentar o problema.

O artigo “The Role of Public Relations Firms in Climate Change Politics” , publicado na revista Climatic Change, oferece a análise mais detalhada até hoje sobre como as empresas de relações públicas e publicidade têm auxiliado as indústrias de carvão, aço, ferrovia, petróleo e gás, bem como a indústria de energia renovável e grupos ambientais.

Um resumo da pesquisa em andamento do Brown Climate and Development Lab, “Beyond Climate Denial”, também lançado nesta semana, dá detalhes sobre algumas das campanhas e agências – muitas das principais empresas de relações públicas do mundo.

Analisando o período de 1988 a 2020, a pesquisa revela que as campanhas de RP foram bem sucedidas na criação de narrativas que moldaram o discurso das grandes empresas poluidoras sobre as mudanças climáticas. Termos como “carvão limpo”, “gás natural renovável”, “país do carvão”, “pegada de carbono” e “Hora do Planeta” são diretamente atribuíveis às campanhas.

“Nossa análise contínua mostra que as indústrias de combustíveis fósseis dependem das empresas de relações públicas para melhorar sua marca e atingir objetivos legislativos”, disse Cartie Werthman, co-autora do artigo sobre Mudança Climática e principal autora da análise Brown. “Desde a criação de grupos de liderança que levantam apoio de base falso para uma determinada indústria até a realização de campanhas publicitárias contra políticas climáticas, algumas das maiores agências de relações públicas do país ajudaram as empresas de combustíveis fósseis a avançar sua agenda”.

“A obstrução da indústria de combustíveis fósseis à ação climática vai além da desinformação e da negação do clima”, diz Robert Brulle, professor visitante da Universidade de Brown e co-autor do artigo. “Uma parte importante do esforço para obstruir a ação climática envolve o aumento da reputação pública positiva das empresas de combustíveis fósseis e enfatizar os benefícios do uso contínuo de combustíveis fósseis.”

Segundo Brulle, as empresas de RP são uma grande parte do mecanismo que orienta a maneira como a população dos Estados Unidos pensa o tema da mudança climática, da severidade dos impactos climáticos às políticas para enfrentar o problema.

Jogo duplo

A pesquisa revela que muitas das maiores empresas de relações públicas promoveram os interesses dos combustíveis fósseis e, em alguns casos, ao mesmo tempo apoiaram grupos ambientais. As empresas desenvolveram campanhas que frequentemente contavam com grupos de terceiros para se engajar com o público, criticar oponentes e servir como a cara de uma campanha publicitária.

O material suplementar do artigo apresenta perfis detalhados das empresas e das campanhas com as quais elas estiveram envolvidas, desde os primeiros esforços para desacreditar a ciência climática até as campanhas contrárias ao Green New Deal proposto por Joe Biden enquanto candidato à presidência dos EUA.

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Redação
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