Indicadores de sustentabilidade

O termo desenvolvimento sustentável surgiu em 1980 e foi reconhecido em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (World Commission on Environment and Development), nomeada como Comissão Brundtland, qual produziu um relatório para sua definição e dos princípios que lhe fundamentam.

[…] desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a

exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento

tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforça o

potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações futuras

[…] é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades

(NOSSO FUTURO COMUM, 1988).

Com isso, foram criados os princípios do desenvolvimento sustentável, que se encontram na base da Agenda 21, documento aprovado na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, sucedida no Rio de Janeiro em junho de 1992. As ideias ali inclusas foram assimiladas em um grande plano de ação global para a incorporação do desenvolvimento sustentável, no qual deve seguir 3 dimensões, todas interconectadas, sendo elas: dimensão social, dimensão econômica e dimensão ambiental. Desde então, cada país passou a elaborar a sua própria Agenda 21.

Um dos desafios no desenvolvimento sustentável é a criação de instrumentos de mensuração, como indicadores.

Com essa base, dois tipos de indicadores de sustentabilidade foram considerados: Índice Pegada Ecológica e o Índice de Sustentabilidade Ambiental.

A Pegada Ecológica, faz alusão entre a capacidade de fornecimento dos recursos da natureza e o consumo destes pelos seres humanos e apresenta se os impactos globais no ambiente serão sustentáveis a longo prazo, para futuras gerações.

A Pegada Ecológica é fundamentada por meio de três princípios básicos:

  • Sustentabilidade
  • Equidade
  • Overshoot

Tabela 1- Princípios norteadores da Pegada Ecológica

PrincípioDescrição
SustentabilidadeSatisfação das necessidades presentes e futuras mantendo a capacidade de regeneração da natureza e absorção de resíduos na mesma.
Equidade(1) Na utilização dos recursos entre as gerações (presentes e futuras).(2) Nacional e internacional (quem consome e quanto consome).(3) Utilização dos recursos entre as espécies.
OvershootLimite existente em relação a todas as energias e matérias.

Índice Pegada Ecológica é uma medida de carga da ação antrópica (atividade humana) sobre a disponibilidade de recursos naturais e que depende dos padrões de consumo humano, sendo expresso em hectares por pessoa (ha/pessoa).

O cálculo do índice pode ser realizado por meio do levantamento da necessidade, em hectares, de recursos para satisfação das necessidades humanas. Esta quantificação leva em conta várias condições, como a área construída, os produtos florestais, o cultivo de alimentos, a pesca, os produtos animais e os combustíveis fósseis. A soma de toda a área representa a demanda por recursos naturais de uma dada sociedade, de acordo com os padrões de consumo atuais.

Para se chegar ao valor da pegada, divide-se essa área pela população total. O cálculo da pegada por si só, entretanto, não apresenta nenhuma finalidade analítica, é preciso compará-la com a Biocapacidade (oferta de recursos disponíveis em termos de hectares por pessoa).

Assim como a pegada, a biocapacidade é medida por meio de diversos componentes, sendo eles: área construída, cultivo de alimentos, floresta, mar e pastagens, sendo obtida por meio da soma dessas áreas disponíveis pela população total. Com base nos levantamentos de oferta (biocapacidade) e procura (pegada ecológica), calcula-se o saldo ecológico de determinado país ou região.

SALDO ECOLÓGICO = BIOCAPACIDADE – PEGADA

Quando saldo positivo (superávit ecológico), indica que a biocapacidade é maior que a pegada, indicando a existência de uma reserva ecológica do local. Em contrapartida, o cenário de saldo negativo (déficit ecológico) indica que a biocapacidade é menor que a pegada ecológica, evidenciando a insustentabilidade dos recursos em atender as demandas antrópicas.

Já o Índice de Sustentabilidade Ambiental contempla a análise de cinco propriedades da sustentabilidade:

  • sistemas ambientais
  • estresses
  • vulnerabilidade humana
  • capacidade social e institucional
  • responsabilidade global

Tabela 2 – Dimensões do Índice de Sustentabilidade Ambiental

DimensãoFatores Determinantes
Sistemas ambientaisÁgua, ar, solo e ecossistemas.
EstressesPoluição ou grau de exploração elevado de um recurso.
Vulnerabilidade humanaSituação nutricional e doenças relacionadas ao meio ambiente.
Capacidade social e institucionalCapacidade institucional para lidar com os problemas do meio ambiente.
Responsabilidade globalEsforços de cooperação internacional de interesse mundial.

O Índice de Sustentabilidade Ambiental expressa, a capacidade futura de sustentabilidade de certa localidade ou setor da atividade econômica e de suas dimensões, como água, ar, energia.

Seu valor varia de 0 a 1. Di Domenico (2017) mostra que o índice pode ser analisado por diversos parâmetros de acordo com o valor obtido, sendo classificados da seguinte forma.

  • Excelente: a partir de 0,80.
  • Bom: a partir de 0,60.
  • Regular: a partir de 0,40.
  • Ruim: a partir de 0,20.
  • Inadequado: menor que 0,20.

O índice é utilizado de maneira tolerável e de acordo com o recurso que se queria analisar em determinado espaço geográfico. As dimensões mais analisadas para o Índice de Desenvolvimento Sustentável são água, biodiversidade, ar, mudanças climáticas e energia.

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Engenheiro Ambiental, pela Faculdades Oswaldo Cruz – SP e técnico de meio ambiente. Atuando na Supervisão de PCAO e fiscal de programas ambientais do meio físico.