Jardim Maravilha é considerado um dos maiores loteamentos residenciais da América Latina, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Após mais de sete décadas, o bairro continua à espera da implementação de saneamento básico e asfalto, promessas feitas pela Prefeitura. Esta situação de longa data reflete uma realidade de desigualdade e negligência, onde até mesmo algumas residências que pagam IPTU não têm acesso a serviços básicos essenciais.
Enquanto isso, a mesma região testemunhou, neste sábado (15), a inauguração do Parque Realengo Jornalista Susana Naspolini. Com 76 mil metros quadrados, o parque é inspirado no famoso Gardens By The Bay, de Singapura, e promete ser uma atração de destaque com suas cinco imponentes torres que jorram vapor de água, criando um refúgio refrescante nos dias quentes da Zona Oeste. O investimento de R$ 72 milhões destaca o contraste entre as prioridades da administração pública em relação ao desenvolvimento urbano e a infraestrutura básica.
Jardim Maravilha: Décadas de Promessas Não Cumpridas
Inscrito na Secretaria Municipal de Habitação desde 1951, o Jardim Maravilha tem uma história marcada por promessas não realizadas. Desde asfalto até a instalação de sistemas de esgoto, os moradores esperam por melhorias que nunca chegaram. “É um exemplo claro de negligência e desigualdade urbana“, diz um morador. Apesar do pagamento de IPTU, muitas casas no bairro ainda não têm acesso ao básico para uma vida digna.
A situação de Jardim Maravilha levanta uma questão crítica: quais são as reais prioridades da Prefeitura do Rio de Janeiro? Enquanto a região luta por serviços essenciais, investimentos significativos são direcionados para novos projetos, como o Parque Realengo Susana Naspolini.
Parque Realengo Susana Naspolini: Um Refúgio Inspirador
Com um investimento de R$ 72 milhões, o recém-inaugurado Parque Realengo Jornalista Susana Naspolini é uma homenagem à jornalista Susana Naspolini, falecida em 2022. Conhecida por sua atuação em reportagens comunitárias que frequentemente cobravam melhorias do governo, Susana ganhou o respeito e a admiração do público carioca.
Inovação e Sustentabilidade no Coração da Zona Oeste
Além de ser um espaço de lazer, o Parque Realengo é também um exemplo de inovação e sustentabilidade. Com 3.700 novas árvores plantadas, o parque busca adaptar a cidade aos desafios das mudanças climáticas, como ilhas de calor e inundações. Passarelas elevadas conectam as cinco torres, permitindo que os visitantes caminhem sobre a vegetação, enquanto um espelho de água no nível do solo proporciona um ambiente fresco e relaxante.
O parque também está equipado com um sistema de captação de água da chuva, com capacidade para armazenar até 290 mil litros. Essa água será reutilizada para irrigação dos jardins e limpeza dos sanitários, ajudando a prevenir enchentes e promovendo um uso sustentável dos recursos hídricos.
Um Espaço para a Comunidade
Com sete acessos, o parque oferece um bosque para descanso e contemplação da flora nativa da Mata Atlântica, além de uma horta comunitária com viveiros, composteiras e canteiros. Sete áreas com churrasqueiras estão à disposição do público, proporcionando um local para encontros familiares e convívio social.
O contraste entre a falta de infraestrutura básica no Jardim Maravilha e a inauguração de um parque de alta tecnologia e sustentabilidade levanta questões sobre a equidade no desenvolvimento urbano. A comunidade do Jardim Maravilha continua a esperar por mudanças que tragam dignidade e melhores condições de vida.
Fonte: Adaptado de O Globo.