Meta anunciou nesta quinta-feira (18/07) que irá adiar o lançamento de seus mais avançados modelos de IA na União Europeia devido às regras regulamentares imprevisíveis da região.
A decisão vem em resposta à série de novas regras tecnológicas implementadas pela União Europeia nos últimos anos, que estabelecem uma lista sem precedentes de restrições para as gigantes de tecnologia, predominantemente baseadas nos EUA, enquanto expandem seus serviços e produtos.
No campo da IA generativa, a Meta desenvolveu o Llama, um conjunto de modelos de IA com capacidades semelhantes à tecnologia por trás do ChatGPT da OpenAI. A próxima geração desses modelos será multimodal, capaz de aceitar comandos e gerar conteúdo em texto, vídeo ou áudio. No entanto, a Meta informou que os europeus não terão acesso a essas inovações.
“Lançaremos um modelo multimodal Llama nos próximos meses, mas não na UE devido à natureza imprevisível do ambiente regulatório europeu”, afirmou a Meta em um comunicado.
O problema está relacionado ao cumprimento do GDPR, a legislação de privacidade de dados da UE, que regula rigorosamente como as empresas devem lidar com os dados dos usuários europeus. Além disso, as autoridades da UE estão impedindo a Meta de usar dados públicos para treinar seus modelos, uma prática que seus concorrentes Google e OpenAI, apoiada pela Microsoft, têm conseguido realizar.
A Meta destacou que essa decisão terá um impacto significativo, especialmente nas atualizações futuras de seus óculos inteligentes Ray-Ban, que incluirão recursos de IA para traduzir sinais ou auxiliar na comunicação em línguas estrangeiras em situações cotidianas.
A Meta e outras gigantes da tecnologia têm adiado cada vez mais o lançamento de seus novos produtos na Europa, citando a necessidade de obter clareza jurídica com as autoridades da UE antes de sua liberação. No ano passado, a Meta adiou o lançamento de seu concorrente do Twitter, o Threads, na UE por vários meses.
De forma semelhante, o Google também postergou o lançamento de suas ferramentas de IA na UE por vários meses. A Comissão Europeia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, mas sempre se manteve firme em seu compromisso de implementar suas novas regras tecnológicas.
Em um documento de política delineando seus planos para seu novo mandato de cinco anos, a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a comissão “intensificará e aumentará nossa fiscalização” da regulamentação tecnológica. “As gigantes da tecnologia devem assumir a responsabilidade por seu enorme poder sistêmico em nossa sociedade e economia”, disse ela.