Na pandemia, tecnologia impulsiona acesso ao microcrédito

Sobreviver no cenário de recessão global que se instaurou com a pandemia não está sendo fácil para ninguém, mas tem sido especialmente complicado para o pequeno empresário – grupo que, vale lembrar, gera mais de 50% dos empregos formais no país. O pequeno empreendedor tem margens mais apertadas, menos capital de giro e, talvez o aspecto mais preocupante, menos acesso a crédito.

Era de se esperar que, em 2020, a forma mais comum e prática de crédito voltado para o pequeno empreendedor – o microcrédito – tivesse um aumento significativo de concessões oriundas de pequenos negócios lutando para sobreviver em um ano atípico. Entretanto, o que vimos foi uma desaceleração no número de concessões. Ao mesmo tempo, um estudo realizado pelo professor Lauro Gonzalez, da Fundação Getúlio Vargas, identificou uma “lacuna de crédito” voltado para pequenas empresas superior a R$ 200 bilhões.

A pandemia salientou o problema, mas não o criou – o acesso ao microcrédito sempre foi difícil no Brasil. Mas as coisas têm mudado nos últimos tempos: em primeiro lugar, houve uma mudança de política pública, que passou a buscar a desburocratização e descentralização da oferta de crédito. Exemplo recente é o modelo de Empresa Simples de Crédito, que permite que até mesmo indivíduos comecem a atuar como fornecedores de crédito dentro de suas comunidades.

A outra grande mudança tem sido tecnológica – a revolução digital avançou de tal forma que hoje até mesmo brasileiros desbancarizados podem comprar, vender e negociar via Internet de forma facilitada. O celular está no bolso de todo mundo, as opções de máquinas de cartão acessíveis e fáceis de usar se multiplicaram. A tecnologia colocou na palma da mão de todo mundo os recursos para unir a nova oferta de crédito com quem precisa dele.

Para unir as duas pontas, nasceu também um novo modelo de negócios: o modelo de fintech-as-a-service (FaaS). Uma FaaS nada mais é do que uma plataforma tecnológica que permite que qualquer empresa possa oferecer serviços financeiros – de parcelamento até o famoso microcrédito, que anda em falta.

O que isso quer dizer? Quer dizer que um varejo que busca facilitar as condições de compra de seus clientes, uma franqueadora que quer garantir o fluxo de caixa de seus franqueados ou uma cooperativa que trabalha para manter seus pequenos produtores de pé agora podem garantir e oferecer microcrédito para quem precisa, na exata hora em que ele será mais relevante. Tudo isso com custo muito baixo, o que garante taxas de juros competitivas para quem oferece o serviço.

É um modelo nascente e que ainda precisa ganhar capilaridade, mas que já mostra enorme potencial para resolver o rombo de acesso ao crédito que atormenta o pequeno empresário – fator vital para garantirmos a retomada da economia no mundo pós-pandemia.

* Renato Ferreira Filho é CEO e Fundador da Fastcash

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