O estudo da gestão da capacidade e consumo inserido no modelo de economia circular

Modismos e nomenclaturas a parte, a economia circular é uma forma de abordar o que aprendi desde a minha infância, a cadeia alimentar que a Tia Cida ensinava e “brincar” de fazer um terrário, que com toda a sua simplicidade é totalmente autossuficiente.

Complicamos tudo e agora precisamos recuperar a circularidade artificialmente, buscando o ciclo perfeito que a natureza foi capaz de equilibrar ao longo dos milênios.

Abordamos a economia circular na construção civil, na hotelaria, na indústria etc. Como trabalhamos de forma integrada e complementar, se algum elemento falta ou se países e segmentos inteiros não aderem ao modelo, os demais não conseguem cobrir a sua lacuna. Precisamos então pensar de forma mais abrangente e conectada.

Mas afinal o que é a economia circular?

É moldar produtos, serviços e modelos existentes ou desenvolver novas soluções de forma a garantir a sustentabilidade em 360 graus, ou seja, nada se perde e nada se cria, tudo se transforma em algo útil, com o menor impacto possível, consumindo menos, reutilizado, dando novos fins, reciclando, virtualizado, substituindo o insustentável por aquilo que poderemos usar de novo e de novo, até que sua utilidade se perca integralmente e este se torne inservível dentro da cadeia produtiva.

Consumo consciente: pressão sobre os fabricantes

Como não podemos interferir diretamente nas atividades dos demais, cabe fazer a nossa parte como consumidores conscientes e pressionar por mudanças, exigindo que os serviços e produtos que compramos sejam úteis, necessários e sustentáveis, da produção ao descarte, e não buscar simplesmente o mais barato.

As mudanças nunca são espontâneas e surgem das demandas de quem busca um determinado produto ou serviço, que pressionam através do seu perfil de compra ou através da inclusão de leis mais rígidas, esse movimento não interfere somente na produção de produtos mais sustentáveis, mas também em produtos mais saudáveis, seguros e duráveis.

A indústria fará o que for necessário para que o seu produto tenha a menor vida útil possível, seja através da qualidade de seus componentes ou pela obsolescência programada. E também claro o menor custo de produção. Temos papel decisivo para que as mudanças ocorram pois foi nosso apetite pelo ter que levou ao nível insustentável que alcançamos.

Reflexão: Nem tudo que reluz é ouro

A produção de medalhas olímpicas pelo Japão através da extração de ouro dos aparelhos eletrônicos é um exemplo de sustentabilidade? Muitos dirão que sim mas ela aplica apenas parte do conceito, pois ignora o consumo consciente, a análise de real necessidade e estimula a obsolescência prematura dos celulares, maior fonte de matéria prima.

Gestão de Capacidade: chave do planejamento

Como especialista em gerenciamento de serviços, entendo que todo o ciclo de vida pode ser pensado a reduzir a nossa pegada e para mim a palavra chave é o planejamento da capacidade.

Na teoria a gestão da capacidade envolve o estudo amplo e sistemático do histórico, assumir premissas e com base na legislação, regulamentações, novos projetos, projeções econômicas e de posicionamento estratégico , contratar serviços e adquirir produtos de forma eficiente, compartilhando recursos, aumentando a vida útil, reduzindo estoques, utilizando critérios sustentáveis e de retorno de investimento plausíveis.

Planejar muito, mas também agir.

Absolutamente nenhuma ação será efetiva sem o devido planejamento, isso leva tempo e tem custos mas garante a eficiência ótima dos recursos que dispomos e precisaremos.

Provoco a todos para que busquem mais sobre economia circular. A gestão da capacidade é apenas um dos pontos importantes para o sucesso do modelo e fundamental para a elaboração de qualquer plano de ação, seja ele um novo negócio, uma aquisição ou uma contratação.

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Renato Moreno Munhoz Especialista em gerenciamento de serviços Autor do Blog Condomínios Sustentáveis desde 2010 Organizador do Comitê Português de Faro do Circular Economy Club Entusiasta da eficiência, tecnologia e de fazer mais por menos.