“O Meu Carnaval Impacta no Seu Ambiente” – em busca da sustentabilidade

A sustentabilidade é, sem dúvida, um dos principais valores que a sociedade deve se afeiçoar. No tripé de sua matriz, estão postulados o social, o ambiental e o financeiro, ou seja, para ser considerado sustentável, a ação, a prática deve ser pensada nesse conjunto. Esse valor, deve permear todas as ações das pessoas, para que possa impactar da menor forma possível o ambiente.

              O Carnaval é um evento tradicional tipicamente brasileiro. Fazendo parte da agenda cultural nacional, movimenta milhões na economia nas mídias impressa e televisiva, empresas de bebida, rede hoteleira, bares e restaurantes, lojas e muitos outros empreendimentos e mobiliza milhares de pessoas, de forma direta e indireta. Esta comemoração atrai e concentra em um só espaço, via, cidade e região, brasileiros, mas também turistas de vários cantos do mundo.

              Milhares de pessoas nas ruas, tendo nas mãos garrafas de água, chás, latinhas de refrigerantes e cervejas, energéticos, coquetéis, garrafas pet, papéis de guardanapo e lanche, sacolas. Tudo consumido rapidamente e descartado sem esmero, sem constrangimento, impulsionado pelo comportamento coletivo. Não se vê, não se percebe e o descarte é feito quase que automaticamente na euforia do momento.

              Isso coloca a sustentabilidade à prova, com certeza! É preciso lembrar que no Carnaval, nem tudo se pode, nem tudo se deve realizar. Não há uma pausa na sustentabilidade. Não é possível umretrocesso intelecto-ambiental!

               Algumas orientações são importantes para minimizar o impacto ambiental gerado no Carnaval e são facilmente realizáveis:

              – Usar roupas leves, protetor solar, boné e sapato confortável ou recicle fantasias de outros anos;

              – Evite usar glitter sintético, provenientes do plástico, há os orgânicos que causam menos impacto;             

              – Faça e use confete ecológico ou se possível, não use nenhum;

              – Hidratar-se e muito! Preferir garrafas pet em detrimento às de vidro, mas ter atenção especial ao destino de sua garrafa! Jogue-a nos locais adequados para descarte desse tipo de resíduo;

              – Tenha seu próprio copo e não o coletivize. Muitas das doenças são transmitidas via oral;

              – Procure locais limpos e higienizados para alimentar-se, pois há possibilidade de, pelo grande fluxo de pessoas, a produção de alimentos ter a questão da higienização realizada às pressas ou com pouca atenção, de modo o produto pode estar contaminado;

              – Utilize sanitários igualmente higienizados, onde haja possibilidade de lavar as mãos, antes e após urinar. As mãos são o principal veículo de propagação de microrganismos e bactérias, além do próprio ar; 

              – Sempre saia com documento pessoal e indicação de alergias, para o caso de ser necessária a identificação;

              – Antes de produzir sons muito altos, há uma camada da população que não está na folia, mas recebe os impactos diretamente, como os autistas, que sofrem com hipersensibilidade auditiva, adoentados nos hospitais, que merecem o descanso para restabelecer a saúde e sem dúvida, nossos pets e animais de modo geral, cuja acuidade é sensível;

              – E lembre-se que ainda que estejamos na folia, estamos em tempo de Corona Vírus!

              A alegria encobre a geração destes resíduos que, junto com serpentinas, confetes, adereços desfeitos, vão se acumulando nas ruas, calçadas, praças e meio fio. Quando a concentração é em cidades do litoral os problemas e impactos ambientais ultrapassam os limites do ambiente terrestre.

              Isso mostra que a preocupação com o meio ambiente não está automatizada, ela ainda precisa ser pensada. Temos que melhorar muito nas questões conscientização e sensibilização ambiental. A dedicação e fixação dos hábitos de conservação do meio ambiente devem ser automáticas e inconsciente.

              Que tal a campanha do Carnaval Ambiental?  Com a redução na geração de resíduos (3r´s) e destino adequado. A mesma sacola ou mochila que trouxe o resíduo para o evento pode ser a mesma para guardá-lo. O escolhido “Motorista da Vez”? A campanha procura incentivar que não se misture bebida e direção. Pois bem! Então que se crie a campanha “Folião da Vez” onde um integrante ou até um casal se encarrega de cuidar e gerenciar os resíduos gerados pelo bando. Em suas mochilas são acondicionados os resíduos e posteriormente esvaziadas em lixeiras.

              Por conta da excitação carnavalesca os riscos de contaminação se estendem não só aos “beijoqueiros carnavalescos”, mas aumentam também aos varredores e coletores que entram em contato com os resíduos gerados. Todos os colaboradores devem, com seus EPI´s, redobrar a atenção e reforçar atitudes prudentes, pois fazem parte dos habituais resíduos já encontrados: seringas, preservativos ou resíduos sólidos contaminados com saliva, mucos, fezes que podem conter vírus e bactérias. E consequentemente podem contaminar os agentes de limpeza.

               Curta o carnaval com alegria, festeje a vida, comemore. Mas procure fazer de modo a respeitar o ambiente. Pois “O Meu Carnaval Impacta no Seu Ambiente”.  Escolha em seu bloco de carnavalescos o “Folião da Vez”. Pois “Aqui tem Carnaval Ambiental”.

              E lembre-se, se “Beber Não Dirija”.

                                                “Sustentabilize-se”

* Romano Mestre – é professor da Fundação de Asseio, Conservação, Serviços Especializados e Facilities do Paraná (FACOP).