Organização de jovens brasileiros cria documento que sela pacto social e ambiental

A publicação Visão das Juventudes do Engajamundo para o Desenvolvimento do Brasil traz provocações de jovens das 5 regiões do país com visões diversas e medidas consideradas urgentes para o desenvolvimento do país.

Com as eleições municipais se aproximando, a organização Engajamundo, que reúne jovens das 5 regiões do país, desenvolveu a Visão das Juventudes do Engajamundo para o Desenvolvimento do Brasil, um dossiê de provocações e propostas de ações urgentes. Juntas, elas traduzem um novo pacto social e ambiental necessário para a garantia de um futuro sustentável para o Brasil.

A proposta é discutir as principais problemáticas enfrentadas pelo país e pela população com um olhar amplo para as causas sociais, ambientais e econômicas, mas sem deixar de lado as particularidades de cada região. Trata-se de um material robusto e estruturado para a fácil compreensão do público, e bem embasado para que políticos dos três poderes possam usá-lo como instrumento para mudanças.

O documento foi elaborado em seis meses – entre abril e outubro de 2020 – por 25 jovens de todo o país, com trocas e consultas feitas dentro da própria rede do Engajamundo e com entrevistas com nomes relevantes para 11 temas de áreas consideradas o alicerce para a manutenção social, ambiental e econômica do país.

Entre elas: Áreas estruturantes para a sociedade (educação, saúde, economia, trabalho e cultura); Habitats coexistentes (cidade, campo, floresta, outros territórios e os ecossistemas aquáticos); e Ferramentas sociais e tecnológicas para criar mudanças (ciência, tecnologia, inovação e a prática cidadã).

Essa colaboração conferiu diversidade de olhares e contextos vividos por cada um deles diariamente. Os autores questionam o conceito de desenvolvimento e progresso imposto pelo atual modelo econômico, defendendo que qualquer política deva colocar todas as formas de vida no cerne da decisão

“Nosso chamado é para a possibilidade real de criar um novo mundo, tendo no horizonte o resgate da nossa cultura, regionalismos e subjetividades, que permitirão uma transição para uma economia limpa, de baixo carbono, mais igualitária, harmoniosa, divertida, rica e, principalmente, mais humana”, destaca Kinda van Gastel, Coordenadora do Engajamundo, de Feira de Santana/BA.

Algumas mudanças propostas pelo coletivo:

– Garantia de justiça climática para os povos originários e tradicionais através das políticas públicas e o cumprimento pleno dos acordos internacionais;

– Revisão da base curricular a partir da interdisciplinaridade de temáticas e decolonização do conhecimento;

– Inclusão de educação sexual, ambiental, política e financeira nos Projetos Políticos-Pedagógicos (PPP);

– Descriminalização e legalização do aborto, garantindo acesso universal ao serviço e atendimento psico-emocional;

– Criação de cotas para pessoas transgêneras/sexuais em todas as universidades públicas brasileiras;

– Representação das diversas matrizes religiosas nos espaços institucionais do Estado, com a segurança de garantia de um Estado Laico, dissociado de valores religiosos nas discussões e decisões políticas;

– Destinação correta de resíduos sólidos e canalização e tratamento de esgoto para todo o perímetro urbano (especial atenção às zonas periféricas e assentamentos);

– Proibição da utilização de agrotóxicos que apresentam riscos diretos e indiretos comprovados à saúde humana, animal e do solo;

– Reestruturação do eixo econômico brasileiro para produção agrícola destinada a própria população e não para exportação de produtos e recursos;

– Regularização fundiária com ampla participação civil, com adequação e restauração ecológica de Áreas de Proteção Permanentes e Reservas Legais;

– Transição energética de combustíveis fósseis aos de energia limpa através de incentivos governamentais e de empresas privadas, principalmente em comunidades afastadas de centros urbanos, respeitando valores e culturas de seus povos;

– Incentivo de modelo produtivo e comercial para bens locais, reduzindo perdas e impactos ambientais do transporte;

– Estatização da água visando uma maior qualidade de gestão, com controle público realizado de forma equitativo, com participação social e sem fins lucrativos;

A publicação é um retrato real da potência e inteligência coletiva das juventudes brasileiras. Ela é um chamado para que voltemos a sonhar e nos unir para construir esses sonhos de mundo. E para além disso, é um lembrete que nenhum desenvolvimento limpo e justo, será alcançado sem que todas as áreas entendam como são afetadas pela crise climática, e que precisaremos todos trabalhar juntos para obter justiça climática.

Fonte: Engajamundo

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