Participação das mulheres cai no mercado de trabalho na pandemia

Segundo o Ipea, taxa caiu para nível de 1990. Segundo a executiva especializada em soft skills, Erika Linhares, acúmulo de funções é um dos principais motivos

Segundo o pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Marcos Hecksher, durante a pandemia, a participação das mulheres no mercado de trabalho, que vinha aumentando gradativamente, voltou ao nível observado em 1990. Os dados são da pesquisa “Mercado de Trabalho e Pandemia da Covid-19: Ampliação de Desigualdades já Existentes?”, realizada em julho pelo Ipea.

Ainda de acordo com o estudo publicado no G1, a taxa de participação de mulheres com filhos de até 10 anos no mercado de trabalho caiu de 58,3% no segundo trimestre de 2019 para 50,6% no mesmo período deste ano. Já a participação média de mulheres no mercado de trabalho ficou em 46,3% entre abril e junho de 2020. Essa taxa é o percentual de mulheres que estão trabalhando ou procurando emprego, dividido pela participação total de profissionais no mercado com 14 anos ou mais.

Segundo Erika Linhares, executiva especializada em soft skills, pedagoga, palestrante e autora do livro “Gente Feliz Não Enche o Saco”, pela editora Record, o principal fator para a mulher ter perdido espaço no mercado de trabalho durante a pandemia acontece devido ao acúmulo de funções.

A mulher tem a responsabilidade da carreira de colocar dinheiro na casa e cuidar da família. Quando vem a pandemia e ela não tem possibilidade de deixar filho em creche, com ajudante ou pais, ela assume essa tarefa também. E ficou muito difícil na pandemia conciliar gestão da casa, assumir papel de cuidar das crianças em tempo integral e ainda continuar trabalhando”, diz a executiva.

Outra pesquisa do Pnad Contínua, do IBGE, apontou também que, no segundo trimestre de 2020, o desemprego foi de 12% entre homens e 14,9% entre mulheres. O estudo mostrou, em junho, que 7 milhões de mulheres haviam deixado o mercado de trabalho na última quinzena de março, contra 5 milhões de homens.

Segundo Erika, as mães que mais são prejudicadas são as com filhos bem pequenos e que precisam de atenção 100% do tempo. “Com filhos muito pequenos, não dá para fazer acordos familiares. Conciliar tudo isso e ainda lidar com a pressão psicológica de aprender a trabalhar no home office não é fácil. Com isso, empresas que precisam reduzir quadro acabam dando preferência para mulheres”, explica.

Para lidar com essa situação, Erika acredita que é preciso que as mulheres conversem com seus parceiros para estabelecer uma divisão de tarefas mais justa para que consigam se dedicar ao trabalho, assim como eles: “É necessário fazer acordos com divisão de tarefas. Um leva as crianças na escola e o outro ajuda no dever de casa, por exemplo. Um lava louça e o outro cozinha. Isso vale mesmo para casais separados. Precisamos tentar sempre dividir essa carga ou não daremos conta de tantas funções”, diz Erika.

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