Pesquisa do Instituto de Pesca com produção de lambaris para isca-viva é publicada em revista de referência na área de aquicultura

Um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), sobre a viabilidade econômica de produção de lambari da Mata Atlântica (Deuterodon iguape) para isca-viva deu origem a artigo científico publicado na revista Aquaculture, considerada referência mundial na área de produção aquícola. O trabalho, que consta da edição de número 546 da revista (acesse aqui), demonstrou ser possível e rentável produzir essa espécie de lambari em pequena escala e utilizando materiais de baixo custo. Baseada em sistemas de recirculação de água (SRA), a tecnologia desenvolvida contribui tanto para a geração de renda das populações litorâneas quanto para a preservação ambiental.

Segundo o pesquisador do IP, Marcelo Barbosa Henriques, coautor do trabalho, o rápido crescimento da atividade de pesca esportiva no Brasil tem levado à superexploração de algumas espécies nativas usadas como isca-viva. No litoral sul de SP, o maior exemplo é o camarão-branco (Litopenaeus schmitti), empregado principalmente na pesca do robalo, que tem bastante importância turística. Isso levou os especialistas a enxergarem a produção de iscas em cativeiro como uma maneira de reduzir o impacto sobre as populações selvagens desses animais. “Em um trabalho preliminar, havíamos observado que o lambari cultivado é mais barato que o camarão e também uma isca mais eficiente para pesca de robalo”, relata Henriques.

O pesquisador conta que, na busca por preservar os recursos hídricos, a aquicultura mundial tem focado nos Sistemas de Recirculação, onde há troca zero de água. No entanto, apesar de eficientes do ponto de vista ambiental, as versões convencionais desses sistemas requerem equipamentos e instalações complexas, tornando-os caros para a realidade das comunidades locais. Assim, o desafio passou a ser o desenvolvimento de um sistema que pudesse ser sustentável e, ao mesmo tempo, barato, passível de ser replicado no contexto dos pequenos produtores da região. Depois de se debruçarem sobre o tema, Henriques e sua equipe desenvolveram um SRA alternativo e de menor custo, que utiliza materiais comuns encontrados no mercado, como madeira, lona plástica, papelão, bombinhas de aquário, redes de pesca usadas, baldes e tambores de plástico. “Nossa intenção era mostrar que, em uma densidade não muito elevada, a criação de lambaris nesse sistema é uma atividade vantajosa, gerando renda para o pequeno produtor, que precisa ter um domínio total do processo para não haver mortalidade”, explica o pesquisador do IP.

Conforme os resultados publicados expõem, a ideia deu certo e a atividade se mostrou economicamente viável para a pequena escala. Segundo o artigo científico, o sistema de recirculação de baixo custo apresentou produtividade semelhante ao convencional e tanto o padrão de crescimento observado quanto o peso e tamanho dos peixes não foram significativamente diferentes entre os dois sistemas. “O trabalho mostrou que o sistema alternativo é uma opção viável e barata, podendo ser adotado por comunidades pesqueiras e pequenos produtores de baixa renda”, pontua Henriques. “Apostar neste tipo de cultivo é uma forma de movimentar toda uma cadeia produtiva, composta por produtores, pescadores, fornecedores de insumos, marinas, entre outros, ajudando a fortalecer a economia local”, conclui.

Fonte:sp.gov.br

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