Sinal Vermelho: Vale e Eletrobras são cortadas do fundo soberano da Noruega

Você, provavelmente, já ouviu falar de “Green Money”. O movimento, que visa escolher ativos relacionados às empresas que apresentam sustentabilidade corporativa, equilíbrio ambiental, justiça social e elevada governança corporativa, voltou à cena após o maior fundo soberano do mundo, o da Noruega, excluir de sua carteira os investimentos nas companhias brasileiras Vale (VALE3) e Eletrobras (ELET3).

A decisão veio do conselho de ética do fundo, apontando a “contribuição a riscos inaceitáveis” e por sérios danos ambientais nos episódios da barragem de Mariana (MG) em 2015 e de Brumadinho (MG) em 2019. No caso da Eletrobras, o conselho do fundo justificou a decisão com a participação da companhia no projeto de Belo Monte, que causou a desestruturação social de grupos indígenas e deslocamento de pelo menos 20 mil pessoas.

Apesar da notícia, as ações da Vale encerraram o pregão no dia cotadas a R$ 48,75 e alta de 2,72%, influenciada pela alta do minério, enquanto as ações da ELET3 encerraram a R$ 20,67, com pequena variação de 0,10%. O baixo impacto da notícia nas ações está, em boa parte, justificado pelo desconto que já sofreram durante a crise e o momento em que as atenções estão voltadas ao combate da pandemia.

O fundo soberano da Noruega é considerado uma referência mundial para os demais fundos e possui aproximadamente US$ 9,6 bilhões investidos no Brasil, sendo US$ 7,6 bilhões em ações de 136 companhias e US$ 2,0 bilhões em renda fixa.

A decisão do fundo, que também envolve empresas de outros países, representa uma tendência que ganha ainda mais força frente ao enfrentamento da pandemia de Covid-19, em especial após forte queda das emissões poluentes durante o isolamento social. Esse cenário está sendo antecipado com crise de coronavírus e, certamente, irá refletir sobre as governanças das companhias no pós-pandemia.

Investir em sustentabilidade é uma exigência cada vez maior dos grandes fundos e dos investidores. Para acompanhar o segmento, temos na B3 o índice de sustentabilidade empresarial, ou ISE, formado atualmente por 32 empresas que cumprem as características exigidas. Com todas essas novidades, a conclusão é que, daqui para frente, receber um aporte dos grandes fundos será quase como um selo de sustentabilidade corporativa.

Por Ernani Reis, analista da Capital Research

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