“Transtornos psíquicos que podem afetar as crianças no período de isolamento social”, por Andréa Ladislau, psicanalista

Na lista de perguntas que as crianças fazem aos adultos, entraram mais alguns itens nos últimos tempos: O que é o Coronavírus? Por que temos que ficar em isolamento social? O que é quarentena?

Imagina a mente dos pequenos com tanta informação, dúvidas e sendo obrigadas a ficar em casa e ter sua rotina totalmente modificada, sem o contato com a escola e com os amigos. Sem poder sair para brincar ou ir as festas, onde mantinham uma vida social sadia, gastando energia e interagindo com as pessoas. E, ainda, sendo obrigados a se adaptar a uma nova rotina em função de um “tal vírus”.

Desta forma, o fato de estarem confinados em casa, limitados em suas ações, tem trazido, para muitos, mudança de humor e de comportamento que começam a assustar os pais e responsáveis. Relatos demonstram que a sobrecarga emocional em meio a estas mudanças sociais está alterando bastante a relação pais e filhos.

Ao sair de sua zona de conforto e serem confrontados com o medo, dúvidas e muitas informações, é natural que o comportamental abalado seja percebido. Uma vez que a intensidade das emoções é muito grande e elas nem sempre possuem condições cognitivas de se expressarem em palavras. Diante do turbilhão de emoções, a observação destas mudanças na fala e no gestual pode auxiliar os pais a perceberem o quanto o momento atual está impactando os filhos.

Transtornos de ansiedade, angústia, medo excessivo, choro sem explicação, alterações bruscas de humor, oscilação no apetite, irritabilidade e agressividade incomuns,e até alterações no sono, são alguns sinais de alerta aos responsáveis de que algo está em desequilíbrio. As emoções e sensações internas passam a ser manifestadas pelo corpo, já que expressar pela linguagem nem sempre é de domínio das crianças.

Os pais devem estar atentos a estas alterações comportamentais e buscar meios de amenizar a tensão do momento. Um erro muito comum é tentar proteger a criança, escondendo as informações. Esta atitude não ajuda e conflita com a facilidade que hoje as crianças possuem de, através dos meios eletrônicos, obterem as notícias. O ideal é ser transparente com seu filho. Falar sobre o vírus e os motivos pelos quais temos a necessidade do isolamento, sem levar medo ou pânico. De forma lúdica, introduza o assunto e mostre que é uma situação momentânea, mas necessária para que possamos voltar a realizar, de forma saudável, as nossas atividades.

Acolha seu filho, leve carinho e busque ouvir mais. A oportunidade do isolamento nos dá a chance de desacelerar e olhar mais à nossa volta, podendo dar às crianças condições de expressar melhor seus sentimentos.

Um ambiente harmonioso é possível, desde que os pais também estejam se cuidando mentalmente. O momento atual, onde todos estão juntos, pode estimular a criatividade, estimular brincadeiras em conjunto, melhorar o diálogo e facilitar a aproximação e o convívio da família.

Portanto, o isolamento social em função da pandemia está modificando rotinas e comportamentos, tanto dos adultos quanto das crianças. Aproveite para abrir o diálogo com seu filho e permita-se perceber suas emoções e sentimentos. Sensações que a rotina sempre nos roubou. Minimize o medo e a angústia mostrando o quanto o sacrifício é necessário para se evitar o contágio pelo vírus. Assim, o dia poderá ficar mais divertido se desenvolverem atividades juntos e incluírem um pouco mais de leveza, diálogo, cumplicidade e harmonia no dia a dia da família.

Dra Andrea Ladislau
Psicanalista

  • Doutora em Psicanálise
  • Membro da Academia Fluminense de Letras – cadeira de numero 15 de
    Ciências Sociais
  • Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde
  • Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social
  • Professora na Graduação em Psicanálise
  • Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US
    Ambassador In Niterói
  • Membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento
    Profissional do Instituto Miesperanza
  • Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em
    Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo.
  • Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint
    Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.
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